A IMPORTÂNCIA DAS AVALIAÇÕES FISIOLÓGICAS PARA ATLETAS DE LUTAS


Hoje, os esportes de luta estão em alta. Este aumento deve-se a popularização das diversas modalidades praticadas no Brasil e no mundo. O MMA (Mixed Martial Arts) vem superando todos os esportes, quando o assunto são compras de programação da TV fechada (Pay-per-view). O crescimento de praticantes de Jiu-Jitsu e Taekwondo tem sido significativo, levando o Brasil a destacar-se no cenário mundial, obtendo títulos nas diversas categorias dessas modalidades. Essa evolução levou os atletas ao profissionalismo, sendo seguidos de perto por uma equipe multidisciplinar, composta por treinadores de diversos tipos de artes marciais, nutricionistas, preparadores físicos, fisiologistas, médicos e psicólogos.


Como fisiologista, tenho orientado meus atletas a seguirem uma rotina de testes durante a sua preparação, visando às competições. Realizar exames médicos periódicos, seguir uma dieta nutricional balanceada e submeter-se a avaliações fisiológicas a cada dois meses, são essenciais a esses indivíduos. As avaliações fornecerão parâmetros para a periodização de seus treinos e são os únicos instrumentos capazes de mensurar a evolução do atleta, durante as diversas fases do treinamento, evitando, desta forma, algum exagero, que poderá levá-lo a um estresse físico e mental, conhecido como Overtrainning, o pior inimigo dos treinos intensos.

As avaliações fisiológicas recomendadas aos praticantes de lutas são:

Composição Corporal (Estimativa do percentual gordura, músculos e do peso ósseo);
Avaliação da Flexibilidade;
Determinação do VO2máx (ventilometria);
Potência Anaeróbica (teste de Wingate em cicloergômetro);
Determinação da força (Dinamômetro e Plataforma de impulsão);



As avaliações devem ser realizadas bimestralmente ou de acordo com a fase de treinamento do atleta. Na fase de Preparação Geral, o atleta deve realizar uma avaliação da sua composição corporal e determinar a sua capacidade aeróbica. A ventilometria indicará o consumo máximo de oxigênio (VO2max), que é considerado a medida padrão de potência aeróbica e do desempenho físico. Além dele, os parâmetros submáximos relacionados ao teste de esforço máximo como o Limiar Ventilatório (LV) e Ponto de Compensação Respiratória (PCR) são usados para a prescrição do exercício.
Passando para fase de Preparação Específica, onde o atleta potencializa toda a sua rotina de treinos, voltada à sua modalidade, preparando golpes e testando estratégias. Nesse período realiza sobrecargas funcionais, onde executa movimentos bem próximos aos que serão realizados numa competição, porém com incrementos (pesos, elásticos, pneus, etc.). Nessa fase realizamos novamente testes, verificando a sua composição corporal e o VO2máx, buscando verificar os resultados obtidos na fase anterior e incluímos novos testes, como os de potência e força de membros superiores e inferiores.
Para essa fase de preparação, a avaliação anaeróbica de 30 segundos, conhecida como Teste de Wingate (Bar–Or, 1987), consiste em protocolo específico para se medir a potência e a capacidade anaeróbica do atleta e deve ser realizado em bicicleta ergométrica (cicloergômetro). Apesar de não reproduzir a situação específica da luta, o Wingate é considerado o mais importante teste para atletas de modalidade de combate, dado que o sistema anaeróbico lático é a via metabólica determinante para esses atletas. Nos resultados do teste de Wingate, temos três fatores importantes a Potência de Anaeróbica (de pico), a Capacidade Anaeróbica e o Índice de Fadiga, que são excelentes parâmetros para monitorar o desempenho do atleta. Verifica-se que quanto maior nível competitivo, maior será a potência de pico, a capacidade anaeróbica e o índice de fadiga; quanto maior treinamento anaeróbico, maior será desempenho no teste. Outra relação bastante significativa é que quanto à quantidade de fibras de contração rápida, quanto maior o percentual de fibras rápidas, maior será a Potência de Pico, a Capacidade anaeróbica e o Índice de Fadiga. Portanto, apesar deste teste não reproduzir fielmente o gesto motor desta modalidade, ele nos permite obter dados importantes para o acompanhamento do atleta. O teste deve ser repetido após 8 (oito) semanas de treinamento.


Outro teste bastante usual é a Plataforma de Impulsão, perfeita para determinarmos a potência e a altura dos saltos verticais (impulsão vertical), muito usados pelos atletas de taekwondo.
Nos períodos Pré-Competitivo e Competitivo, novamente realizamos mais uma bateria de testes, para verificar se o atleta está aproximando-se do ápice da sua performance.
Dessa forma, o atleta profissional ou amador e até mesmo aquele praticante de esportes de luta, poderá obter excelentes resultados nas competições e uma grande melhora na sua qualidade de vida.

Fonte:Pedro Ivan Mantovani - CREF 14535/G/Educador Físico e Fisiologista do Exercício